Vereador BernardinoCentenário do Colégio Militar (Casarão da Várzea)O motivo de estarmos comemorando o centenário do Colégio Militar, nos remete obrigatoriamente, ao ano de 1872, portanto 40 anos antes da fundação do colégio. Vivíamos um período de guerra com países do prata, então o Marechal Manoel Luis Osório resolveu construir um quartel de infantaria no local, para abrigar as demais tropas que vinham do centro do país para combater nas fronteiras.Em 1878, com certa calmaria das guerras, as obras foram suspensas e retomadas logo depois com outro objetivo, que era a formação de oficiais para o exercito brasileiro, em razão da necessidade local e considerando que só existia uma escola militar, no Rio de Janeiro.Inclusive, em 1906 veio para Porto Alegre a escola de guerra, e com o fechamento da escola do Rio de Janeiro vieram militares cadetes de diversos estados brasileiros, causando a conhecida invasão dos cadetes na nossa capital. Chegando no ano de 1912, surgiu uma nova proposta e cria-se o Colégio Militar de Porto Alegre, com a finalidade de formar estudantes, militares e civis, do ensino fundamental e médio.Necessário se faz voltarmos ao tempo e usarmos a imaginação em razão de que a topografia do local era outra, vejam que estamos falando de uma belíssima obra arquitetônica com estilo neoclássico, numa área desabitada, próxima à campos e várzeas, daí a denominação carinhosa de “O Casarão da Várzea”, como é conhecido até hoje. Durante este ultimo centenário por lá passaram milhares de brasileiros que se destacaram, na construção da cidadania, em defesa da pátria, dos usos e bons costumes necessários à evolução humana. De lá saíram grandes militares que orgulharam e orgulham a nação.Também saíram cidadãos que não seguiram a carreira militar, mas outras áreas do conhecimento: na área técnica cientifica, no empreendedorismo, no funcionalismo público, na medicina, no esporte, nas artes (Vasco Prado), na poesia (Mario Quintana), na área do direito, na educação (Professor Capitão José Pereira Parobé, fundador do Colégio Julio de Castilhos, da Escola Técnica Parobé, entre outros). Ainda no campo da educação, é de se ressaltar que a Escola Militar ministrou o primeiro curso de ensino superior do Estado e que contribuiu para criação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Nos campos do tradicionalismo e da etnografia (forma de pesquisa de vida de povos primitivos, seus usos, costumes, valores e mitos), é notória a participação do Major João Cezimbra Jacques, instrutor da Escola Militar, fundador do Grêmio Gaúcho em 1898, (prédio na Av. Carlos Barbosa), primeira entidade destinada ao estudo e ao culto das tradições rio-grandenses, motivo pelo qual foi consagrado como Patrono do Tradicionalismo Gaúcho. É com orgulho que o Casarão da Várzea reivindica ser o berço do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Para continuar o culto às tradições gaúchas e honrar a memória do Maj. João Cezimbra Jacques, em 1985, sob a inspiração do então Capitão e tradicionalista Ivo Benfatto, foi fundado o CTG Potreiro da Várzea. Enfim por todos os cantos da sociedade, encontramos cidadãos formados nos bancos do Colégio Militar.Pelas portas do Velho Casarão da Várzea transitaram, como alunos, oito presidentes da república (João de Deus Menna Barreto, Getúlio Dornelles Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo), o que o fez ser alcunhado como "Colégio dos Presidentes", além de um primeiro-ministro (Francisco de Paula Brochado da Rocha), e um vice-presidente (Adalberto Pereira dos Santos).Atualmente, o Colégio Militar é a única escola de educação básica do País a possuir um observatório astronômico dotado de um telescópio robótico de última geração. Construído em 2002, através de um convênio com a UFRGS, a USP e a Fundação Vitae, o observatório se destina a um ambicioso projeto multidisciplinar nacional que tem na Astronomia o mote para o estímulo ao aprendizado das ciências, da história, da geografia e das artes.São do Colégio Militar os únicos alunos gaúchos selecionados para cursarem em 2001 a Escola do Espaço, em 2003 a Escola Avançada de Física, e em 2005, 2007 e 2009 a participarem da Jornada Espacial realizada no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Desde 2007, em iniciativa pioneira, o Clube de Química desenvolve o Projeto Biodiesel, o qual visa produzir biodiesel a partir da utilização do óleo de cozinha que foi utilizado no preparo das refeições. Em 2008 foi comprovada a viabilidade do combustível através de um teste de campo realizado com um trator agrícola e com um caminhão do Exército.Orgulhoso do passado, o Velho Casarão da Várzea volta seus olhos para o futuro e se prepara para enfrentar o desafio de continuar oferecendo uma formação educacional de excelente qualidade, compatível com as exigências do Século XXI.Para fazer frente a esse grande desafio, esta Casa Legislativa, a verdadeira representante da sociedade, não tem dúvida, mas a certeza na capacidade dos militares, dos servidores e alunos que compõe a família do Colégio Militar, especialmente o corpo docente.Apartes:Anexo a esta fala a pretensão de uma poesia, de quando fui proponente de uma homenagem desta casa aos 200 anos do nascimento do Marechal Manoel Luis Osório.Por Bernardino VendruscoloMarechal OsórioIForjado ainda piazitoNo laboratório da CampanhaFez quando menino Sua primeira façanhaIIIniciou o manuseio das armasOmbreado com seu pai, não recuouNos entreveros das peleiasJamais vacilouIIIManoel Luis Osorio, Marquês do HervalNo decênio heróico iniciou Republicano e terminou ImperialNa vida amou eternamente sua PátriaNas guerras foi o primeiro de seu tempoIVSoldado da linha de frenteOsorio defendeu sua genteHomem determinado e combatenteVindo da cepa RiograndenseVTemido pelos inimigosRespeitado pelos superioresAdorado pelos subordinadosEm combate nunca deu costadoVICavaleiro das guerrasNos combates de montariaDefensor de sua terraNas linhas de sesmariaVIIGuerreiro de cavalariaNas cargas de combateCentauro de montariaNão ficou na estrebariaVIIIBatizado a fogo em MontevidéuSobreviveu no combate do SarandiBrigou em Rosário/ItuzaingóFerido em AvaíIXFez tremular a bandeira em HumaitáMarchou em TuiutiDe trincheira em trincheiraDemarcou o Brasil.XNo comando da estrela guiaFez-se chefe da cavalariaLutou por amor e ideal Lema de uma vidaXINa luz dos canhões e da arma brancaDe espada em punho bradou, sem temerÉ fácil comandar homens livresBasta mostrar-lhes o caminho do dever.
Bernardino VendruscoloVereador - PSD